BAUDELAIRE: (...) Todas as Fadas já se estavam levantando, julgando concluída sua tarefa, porque não restava mais presente algum, munificência alguma para atirar a toda aquela nulidade humana, quando um bom homem, um pobre e modesto negociante, creio eu, ergueu-se e, agarrando por sua veste de vapores policrômicos a Fada que lhe ficava mais próxima, exclamou:- Oh! Senhora! Está-nos esquecendo! Ainda falta meu pequeno! Não quero ficar sem receber coisa alguma!
A Fada deveria ficar perplexa, porque não restava mais nada.
Todavia, lembrou-se ela a tempo de uma lei bastante conhecida, embora raramente aplicada, no mundo sobrenatural, habitado pelas deidades etéreas, amigas do homem, e muitas vezes forçadas a se adaptarem às suas paixões, (...) - quero referir-me à lei que concede às Fadas, em semelhante caso, isto é, no caso de os presentes se acabarem, a faculdade de concederem mais um, suplementar e excepcional, sob condição, todavia, de ela possuir imaginação bastante para criá-lo imediatamente.
Por isso a boa Fada respondeu, com uma segurança digna de sua situação:- Dou a teu filho... dou-lhe... o Dom de agradar!
- Mas agradar como? Agradar? Por que agradar? - Perguntou teimosamente o pequeno comerciante, que sem dúvida era um desses raciocinadores tão comuns, incapazes de se elevarem até a lógica do absurdo.
- Porque sim! Porque sim! - Replicou a Fada, colérica, voltando-lhe as costas; e, reunindo-se ao cortejo de suas companheiras, dizia-lhes: - Que acham desse francesinho vaidoso que tudo quer compreender e que, havendo obtido para o filho o melhor quinhão, ainda ousa interrogar e discutir o indiscutível?
__d-.-b__ (ouvindo) Gary's Gang / Do It At The Disco
A Fada deveria ficar perplexa, porque não restava mais nada.
Todavia, lembrou-se ela a tempo de uma lei bastante conhecida, embora raramente aplicada, no mundo sobrenatural, habitado pelas deidades etéreas, amigas do homem, e muitas vezes forçadas a se adaptarem às suas paixões, (...) - quero referir-me à lei que concede às Fadas, em semelhante caso, isto é, no caso de os presentes se acabarem, a faculdade de concederem mais um, suplementar e excepcional, sob condição, todavia, de ela possuir imaginação bastante para criá-lo imediatamente.
Por isso a boa Fada respondeu, com uma segurança digna de sua situação:- Dou a teu filho... dou-lhe... o Dom de agradar!
- Mas agradar como? Agradar? Por que agradar? - Perguntou teimosamente o pequeno comerciante, que sem dúvida era um desses raciocinadores tão comuns, incapazes de se elevarem até a lógica do absurdo.
- Porque sim! Porque sim! - Replicou a Fada, colérica, voltando-lhe as costas; e, reunindo-se ao cortejo de suas companheiras, dizia-lhes: - Que acham desse francesinho vaidoso que tudo quer compreender e que, havendo obtido para o filho o melhor quinhão, ainda ousa interrogar e discutir o indiscutível?
__d-.-b__ (ouvindo) Gary's Gang / Do It At The Disco